Uma genealogia dos coffee table books teria que se deter não em quando foram concebidos, uma vez que livros cultuados pela apresentação sempre existiram, mas sim quando essa obras entraram em cena em tempo integral.
Alguns endereços eletrônicos dão o crédito à possível criação do coffee table book a David R. Brower, quando então diretor da instituição de preservação Sierra Club, na década de 1960. Escolhi a versão do The University of Chicago Press para registrar aqui:
Brower tinha decorado as paredes do seu escritório, no centro de São Francisco (EUA), com pôsteres de natureza selvagem, fazendo do local uma espécie de reserva ecológica. As fotografias, lúdicas, remetiam a lugares por onde ele tinha estado e queria proteger, como Havaí, margens do Rio Colorado, e assim por diante.
O executivo elaborou uma série de livros, denominado Exhibit Format, com o objetivo de promover suas causas para o público, combinando fotografia e natureza. O primeiro desses livros, de um total de 20 títulos, foi This is the American Earth (foto abaixo).
A iniciativa, ao que consta, deu resultados. Os livros geraram publicidade para a instituição e ganharam prêmios, sendo estratégicos como parte de uma campanha para convencer o Congresso a aprovar uma legislação que garantia a permanência dos lugares selvagens do país.
Foi só questão de colocar o book cheio de pose sobre a superfície (table) em espaço social, como se fosse um objeto pessoal a ser compartilhado em público, para dar um lustre ao ambiente.
Estava batizado o coffee table book.
Este texto é baseado na tese de doutorado “O papel do livro de mesa na sociedade do espetáculo”, defendida por este Chico Barbosa no programa de Comunicação e Semiótica da PUC-SP. Nestes estudos, analisei os livros da editora alemã TASCHEN, daí a utilização de seus livros para ilustrar este artigo.
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