11 jul 2023

Tire os pés do chão e solte o verbo

<b>Chico Barbosa</b> | Editor

Chico Barbosa | Editor

Como editor e escritor da CBNEWS Books, vivo em busca de belas histórias para contar

Os “donos” de boas histórias nem sempre sabem o que têm nas mãos — ok, também existe quem acha que só tem boas histórias; vamos combinar que não é com esses privilegiados que estamos conversando…Explico melhor: muitas vezes, por estarmos tão vinculados ao nosso dia a dia, imersos nos hábitos cotidianos do nosso trabalho e da nossa vida pessoal, não nos damos conta de que somos atores, principais ou coadjuvantes, ou mesmo testemunhas e ouvintes de boas histórias, que podem servir de inspiração, exemplos ou mesmo motivação para os outros e, por que não?, para nós mesmos, em um processo de retroalimentação — só para usar uma expressão esquisita.

Trabalhando como jornalista, escritor e editor da CBNEWS, venho desenvolvendo projetos editoriais na área corporativa, escrevendo livros sobre negócios, marcas, trajetórias profissionais, sempre focado nas pessoas que estão por trás das “coisas”. Às vezes, sou chamado por um cliente que quer contar a sua história ou da companhia em que está ligado, mas na maioria das vezes meu trabalho consiste em ir à luta por conta própria. Tenho que pesquisar onde estão as tais boas histórias, lendo, navegando pela internet, conversando, fazendo entrevistas, cruzando informações, até chegar em um nome que faça sentido.

De posse de uma justificativa que convença a mim mesmo primeiramente, é hora de me aproximar. Telefonar, marcar um encontro, apresentar proposta, mostrar que as coisas fazem sentido e, por fim — às vezes bem no fim mesmo… — desenvolver projetos e trabalhar. Claro que nem sempre esse roteiro ocorre de forma fluida, linear, objetiva, tampouco, como disse, rapidamente. Mas, a bem da verdade, quando a história é verdadeira, os livros ganham vida própria.

Minha primeira experiência na área editorial — e que maravilha de sucesso — aconteceu meio que por acaso. Melhor dizendo, por acaso foi a iniciativa de escrever o livro, porque o sucesso não foi por acaso. Digamos que estava escrito.

Resumo aqui: como jornalista especializado no setor automotivo, por obrigação de ofício acompanhava de perto o comportamento das montadoras, em especial as de luxo. Me chamava a atenção o trabalho que a Audi Senna do Brasil vinha fazendo. A marca, trazida por piloto Ayrton Senna em 1994, pouco antes do seu acidente fatal na Fórmula 1, era muito bem capitaneada por Leonardo Senna e Ubirajara Guimarães.

Havia várias motivos que explicavam aquele sucesso: era um grife automotiva de prestígio alemã, tinha a figura do mítico piloto Ayrton Senna como validador do produto, o mercado estava em polvorosa com a abertura das importações e, justiça seja feita, tinha também e principalmente um belo trabalho de marketing e comercial por trás, feito muitas vezes de maneira intuitiva por Leo e Bira.

Opa, pensei: temos uma boa história aí. Pegando como o gancho os 10 anos que a Audi faria no Brasil no ano seguinte, convenci Leo e Bira a me receber, mostrei por a + b que eles tinham um baita case em mãos. Que, se eles não perpetuassem esse registro em uma obra duradoura, o feito iria no máximo virar notícia de jornal que iria embrulhar peixe no dia seguinte. Com o tino empreendedor afiado, ambos não demoraram a perceber que minha conversa não era de vendedor. Toparam tocar o projeto.

Resultado: o livro, “A Chave do Sucesso — Como a Audi se tornou cult” (veja o livro na home do site), escrito por mim e editado pela CBNEWS, foi lançado em 2004, como parte das comemorações dos 10 anos da Audi no Brasil, sendo a estrela maior da festa que a marca realizou junto com uma mostra retrospectiva, na Oca, Ibirapuera, em São Paulo. Mais: no ano seguinte, ganhou o prêmio Jabuti na categoria projeto/produção, uma parceria de trabalho com o diretor de criação Ciro Girard e a agência AlmapBBDO. Desnecessário dizer, mas eu digo: a repercussão na imprensa foi surpreendente.

Desde então, ao menor sinal de uma história boa pela frente, que mereça ser contada, sugiro ao interlocutor tirar os pés do chão e soltar o verbo. Do outro lado estou eu, caneta em punho, caderneta na mão e gravador ligado, pronto para ouvir e perguntar.

* Texto publicado originalmente no LinkedIn em 27/03/2017, com o título “Você nem sempre sabe que tem uma baita história na mão. Nem eu…”. Reproduzo-o aqui, com pequenas alterações, porque ele continua atual e está em perfeita sintonia com a proposta de trabalho da CBNEWS.

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