Os livros de mesa ou coffee table books são um fenômeno social. Estão em lares, espaços públicos, recepções, livrarias, editoriais de decoração, arquitetura e estilo, ocupando mesas de centro e de laterais, prateleiras, estantes, pelos cantos dos cômodos, em pilhas ou isolados, servindo de apoio a algum objeto ou livres para serem folheados.
Estejam onde ou como estiverem, sejam lá quais forem os temas por eles abordados, uma constatação é certa: foram colocados ali de propósito, paradoxalmente em busca do interlocutor casual, à vista dos olhos e ao alcance das mãos de quem está de passagem ou permaneça no recinto de modo descompromissado, procurando o que fazer para matar o tempo. Podem até não ser tocados, mas são efetivamente percebidos. E admirados.
A profileração desses livros está associada à “sociedade do espetáculo”, como ela foi entendida, definida e defendida pelo filósofo francês Guy Debord. Em outras palavras, o coffee table book é um produto da sociedade da imagem, da acumulação de capital e, portanto, ligada ao tempo presente. A forma como essas obras se estabeleceram no mercado só podia se dar sob as condições sócio-econômicas-culturais vigentes. É um sintoma editorial do seu tempo.
Este texto é baseado na tese de doutorado “O papel do livro de mesa na sociedade do espetáculo”, defendida por este Chico Barbosa no programa de Comunicação e Semiótica da PUC-SP. Nestes estudos, analisei os livro da editora alemã TASCHEN, daí a utilização de seus livros para ilustrar este artigo.
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